~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~Castelo Evans - Londres ~~~~~~~~~~~~~~~~

O menino ainda estava confuso e agitado. Não sabia sabia o que pensar durante o momento, e muito menos o que sentir. Seus dons poderiam tirá-lo dessa confusão facilmente, mas com certeza seria sair da panela para a frigideira. Deixou-se ser conduzido, agarrado firmemente a sua mochila, esperando que fosse realmente levado a um lugar seguro e que encontraria sua família. A mera ideia de qualquer um deles ferido ou em mau estado provocava-lhe ânsias terríveis e grande desconforto.

O mundo começava a dar voltas e Kalyan se sentia zonzo e sem ar. Com um pouco de dificuldade, ele desabotoou a camisa e deixou o clima frio de Londres impactar seu corpo ardente em febre. Já não sabia se esse estar era proveniente de seu esforço na festa ou se tinha comida algo estragado ou mesmo se era apenas psicológico. Só queria chegar ao caminhão e se deitar e descansar mais um pouco, e talvez chorar. Sentia-se mal, a cabeça começava a latejar e um zumbido estranho percorria-lhe os ouvidos. Alguma coisa estava errada, e ele só podia caminhar de mãos dadas com a bad.

O garoto mal viu quando subiu no caminhão e quando o mesmo encheu saiu em rumo seja lá pra onde fosse. Estava tão absorto eu seu surto interno que não conseguia ver nem ouvir mais nada.

Passarem muitos minutos até que chegassem em um ginásio de alguma escola em Londres. Haviam muitos soldados ali e também muitas pessoas procurando informações. Kalyan já estava começando a se desesperar, ninguém sabia de sua família, nem mesmo seus vizinhos que também estavam ali.

Logo um soldado se aproximou do garoto. - Sr. Maheswaran? -- disse sério.

O garoto podia ver que ele segurava uma grande pasta pedra e tinha um de preocupação.

"Ai deuses! Por favor, não deixe ter acontecido nada com minha família!" Isso era a única coisa que existia dentro da cabeça do menino, o desejo, o irritante senso de que estava sozinho.

— O que foi, senhor? Aconteceu algo grave? O que existe que me esconde? — Kalyan respirava pesado, o peito arfante lembrava um ataque de asma, embora nunca tivesse tido isso antes. A sensação de que algo estava errado se agravava e agora estava simplesmente dominando seus sentidos.

-- Por favor, preciso que você me acompanhe - O homem disse indicando um corredor para Kalyan. Quando já estavam afastados o homem começou a falar calmamente tentando passar confiança para o garoto.

-- Sr. Maheswaran peço desculpas pela falta de informação, mas é que estamos tentando evitar alarmar o restante das pessoas. Recebemos uma denuncia anonima de um possível ataque ao quarteirão, e os alvos seriam pessoas ligadas a experimentos, temos informações que sua mãe era uma, correto.

Agora Kalyan estava realmente começando a ficar nervoso.

Um arrepio percorreu o corpo do garoto subindo pela base da espinha até chegar no cérebro e condenar todo o processamento do garoto. Somente ele e seu pai sabiam que a mãe do menino era um experimento, e mesmo assim apenas o pai do garoto tinha informações sobre ela. Chegava a ser ridículo que existisse alguém que soubesse desse detalhe e ele não. Medo descrevia seu coração e angustia era a palavra de ordem no local.

— Sim, você está certo. Mas eu não sei nada sobre ela. Somente meu pai sabe alguma coisa sobre ela e pra conseguir mais informações, ele precisa estar aqui! — o menino não conseguiu mais segurar as lágrimas e o choro rolou solto. Ser forte e recorrer ao Anfitrião era apenas um recurso, e nesse teatro, sua máscara estava caída. — Tragam meu pai, minha madrasta e minha irmã, e depois nós conversamos.

-- Sr. Maheswaran infelizmente não posso trazê-los aqui, eles estão sob proteção agora, mas garanto que te levarei até eles, mas antes preciso que o senhor me acompanhe para exames. Precisamos verificar se há modificações em seu DNA para saber como prosseguir.

Se Kalyan já estava nervoso antes, agora poderia ter uma sincope. Se ele aceitasse fazer os exames seu segredo seria descoberto, se não ele teria que usar seus poderes e poderia colocar tudo a perder e não ver mais sua família.

— Não precisa de exames. Eu sou um mutante. Pronto, que tal? Eu admiti meu segredo pra você e ninguém mais, então eu quero uma garantia que eu verei minha família. Eles são as pessoas mais importantes do mundo para mim e eu não medirei esforços para protegê-los. Se quiser uma demonstração dos meus poderes, posso fazer algo pequeno só pra você, em um local mais privado.

Kalyan jogou todo o bom senso pra cima, abandonou toda e qualquer esperança de vida normal naquele momento, tudo pelo bem de sua família. Ele sabia que era um passo sem volta, mas se fosse preciso, ele faria o impossível por aqueles que ama, até mesmo se sacrificar em uma vida de regras e submissões.

O homem se admirou com a atitude do garoto mas tentou não demonstrar. Respirou fundo e disse tentando acalmar Kalyan

-- Entenda garoto, eu acredito em você, eu mesmo sou um experimento e sei como deve estar preocupado, mas eles não vão te deixar ir para o local sem antes saber do que você é capaz. Não deveria te contar isso, mas nossas suspeita são que um dos próprios moradores da região de vocês estivesse planejando o ataque. Nós conseguimos identificar o poder dele, e por isso estamos testando todos os possíveis experimentos. Você me mostrar seus poderes não vai adiantar nada, nós precisamos de algo que sirva como prova para te liberar. Te dou minha palavra que nada do que for descoberto chegará aos ouvidos da população, esse é uma assunto ultra-secreto, apenas a comissão de paz entre experimentos e humanos sabe dessa ação.

O homem olhava fixamente para Kalyan. O garoto poderia usar seus poderes, mas aquilo com certeza iria gerar um problema ainda maior.

Vendo a luta interna do garoto o homem suspirou e retirou do bolso um pequeno phone sem fio do tamanho de um botão. Tocou o objeto com o dedo indicador fazendo um pequeno choque sair dele e o entregou a Kalyan.

-- Para mostrar que sou de confiança. Pegue, vou mostrar que eles estão bem, mas seja rápido, não poderia estar fazendo isso.

O garoto ficou chocado. Piscou algumas vezes, para ter certeza que não estava ouvindo ou vendo errado, mas no final, se conformou. Pegou o phone discretamente e guardou-o no bolso, tendo cuidado para não quebrá-lo. Seria a única ligação com sua família, a única prova que existe sobre a segurança dela, portanto, a única forma de fazer o garoto se comportar com ela.

— Mostre-me onde ficar, um local sossegado pra isso. Pode me levar para a área de testes para fazer os exames, desde que eu consiga falar com eles. Eu colaborarei completamente, só o que eu preciso é saber que eles estão bem. E quanto ao culpado, eu posso ter um plano, mas vai ser arriscado. — O cérebro de Kalyan tinha um zumbido forte, trabalhando na base das engrenagens de vapor, como uma máquina da revolução industrial na potência máxima. Ele só esperava ter forças para mais um truque.

O homem apenas acenou guiando Kalyan para os fundos do ginásio, eles passaram por uma porta na parte de traz do local a qual dava para uma grande tenda médica. O experimento fez um sinal para o garoto apontando as arquibancadas.

-- Ali, disque 874569, você tem três minutos, seja rápido -- o homem disse olhando diretamente para os olhos de Kalyan.

O garoto assim o fez, acenando em agradecimento para o senhor. Sabia que aquilo era uma benção e não desperdiçaria nem um só segundo dela. Dirigiu-se para o canto mais isolado do local, o ponto cego onde poderia chorar, falar com sua família uma última vez antes de ser jogado em meio a algo que tinha horror. Enquanto discava o número, o menino controlava os tremores e respirava pesadamente, pronto para qualquer que fosse o momento que teria. Seu emocional estava estilhaçado em vários fragmentos pequeninos e afiados, pois a cada vez que alguém os encostava, sentia a dor que ele estava sentindo. O número já discado chamava, e quando finalmente atendeu, Kalyan pode falar com os seus uma ultima vez.

-- Filho -- ouviu a voz desesperada de seu pai, tudo que o garoto conseguiu murmurar foi um "pai" antes de desabar em lágrimas. -- Filho, meu deus você está bem? onde você está? Alguns homens do exército evacuaram nosso quarteirão dizendo algo em sobre um ataque, você está bem? um homem me deu um phone dizendo que você iria me ligar. VocÊ está bem?

A voz do pai de Kalyan também estava embargada pelo choro e ele mal respirava enquanto falava com seu filho.

— Eu to bem, pai. Eu to só muito assustado e confuso. Não faço ideia de como eu entrei nessa confusão, mas eu vou fazer o possível para tirar vocês dela. É minha culpa vocês terem se envolvido nisso tudo, mas eu não vou deixar vocês ficarem em perigo, mesmo que eu tenha que me sacrificar por vocês. — Um suspiro e uma fungada foram ouvidas pela linha enquanto Kalyan derramava lágrimas quentes e cerrava os dentes com força, tentando por tudo não demonstrar o quanto estava assustado ou triste. Seu pai precisava que o filho vivesse, mas Kalyan sabia que ele tinha outras coisas para se preocupar, como sua esposa e sua filha. Kalyan sabia que ele sobreviveria, mesmo que o menino perecesse.

-- Sacrificar? do que você está falando? os soldados disseram que logo você estaria aqui. Onde você está? - era possível ver o desespero na voz do homem. Ele não sabia onde o filho estava,e agora escutava seu primogênito falando daquela maneira. -- Eles fizeram alguma coisa com você? eles te machucaram?

"Pior que isso, eles me recrutaram". Era o que o menino pensava em responder, mas ele sabia que apenas seria uma idiotice e uma preocupação desnecessária para ele. Preferiu o melhor caminho: a mentira.

— Nada de ruim aconteceu comigo, pai. Está tudo bem, não se preocupe. Eu logo logo estarei com vocês. Pode demorar um pouco, porque ainda existem coisas que eu preciso fazer, mas logo ficaremos juntos. Eu prometo! Mande lembranças para minha irmã e para a madrasta.

-- Mas se vocÊ está bem porque não vem conosco? - Kalyan conseguia ouvir a dor, o desespero e a preocupação de seu pai apenas escutando a voz do mesmo. Ele precisava ser forte, respirou fundo vendo o homem que havia lhe dado o fone fazendo sinal que seu tempo havia acabado.

Kalyan não tinha mais escolha, tinha que cumprir sua promessa.

O homem apenas assistiu com a cabeça voltando a guardar o pequeno phone no bolso. Estendeu a mão para Kalyan e disse em tom firme.


-- Creio que não me apresente, Coronel Richard White do batalhão de controle dos Estados Unidos, estou aqui não só pelo possível ataque.....mas também porque tenho informações importantes sobre sua mãe que podem te interessar, principalmente se vocÊ tiver habilidades com tanto potencial como as dela.

Mais um soco bem dado na boca do estômago da criança. OS efeitos de sua rima poderiam ser mais fracos por telefone, mas ainda tinha esperanças que tivesse funcionado pelo menos por um tempo. O garoto respirou fundo e clareou sua mente, pensando por longos segundos antes de responder em tom firme:

— Minha mãe está morta e eu nunca a conheci. Tudo o que sei dela é que ela era indiana e um experimento, apenas isso. Qualquer informação sobre ela sera bem vinda, Sr. White, embora será difícil me fazer crer. — direcionou os olhos bem no centro das pupilas do homem, tal qual a bala que faz a curva para acertar o alvo sem perder o tiro. — Quanto as minhas habilidades, acabei de demonstrá-las em tempo real, e é com isso que pretendo ajudar. Com meus pequenos truques de Bardo.

"Hora do Show". O menino pegou sua mochila e a abriu, tirando sua velha capa preta e vermelha de dentro e sua mascara. Trocou rapidamente de camisa para uma menos suada e vestiu os adereços. Anfitrião estava de volta, e dessa vez, com força total.

O homem apenas observou o garoto trocando seus adereços e assumindo o papel de Anfitrião e disse ainda em seu tom firme.

-- Creio que, se você realmente herdou o potencial de sua mãe você é capaz de muitas coisas além de pequenos truques, agora me acompanhe, há um laboratório montado logo a frente.