~~~~~~~~~~~~~~ Sede Movimento Pró-Experimentos ~~~~~~~~~~~~

Dave retribuiu o aceno e respondeu em tom rouco e compassado.

-- Eles podem até vir.....mas garanto que eles encontrarão o que procuram - sorriu de leve. Um sorriso frio e que demonstrava a vontade que o garoto tinha que os policiais realmente fossem ali.

Dave percebeu o tom de voz de Deborah e logo emendou.

-- O que houve? Encontrou alguém que não queria?

Deborah assentiu sorrindo de leve, compartilhava o desejo de Dave de enfrentar os policiais em um local onde tinham vantagem, alem da clara maioria, todos ali conheciam bem o terreno. Talvez, se os tiras realmente viessem poderia se divertir, e extravasar toda sua furia nos perfeitos sacos de pancadas que eles seriam.

A pergunta de Dave entretanto a fez retornar a pensar em Dimitriv, apagando o sorriso de seu rosto.

- Meu estupido irmão, ou melhor, o maldito traidor... - respondeu sabendo que so essas palavras seriam suficientes.

Ja tinha comentado previamente sobre o gêmeo, e sua traição, apenas com os irmãos mais próximos do MPE. Em uma noite de diversão eras atras, quando Deborah, Dave e mais alguns escolhidos a dedo saíram para uma noitada espancando humanos e experimentos traidores, ateando fogo a alguma coisa, destruindo símbolos da opressão, bebendo... Naquela noite, todos os presentes, apos ja terem entornado algumas bebidas alcoólicas, mencionaram de passagem suas respectivas historias. Inclusive ela, mencionou com toda a armagura e odio que sentia o maldito irmão gêmeo. Em suma Dave sabia o basico, que o irmão fora proximo, que a traira e se juntara à opressão, que Deborah queria ser a unica a mata-lo.

-- O gêmeo ainda te tira do sério em - Dave comentou dando um sorriso sínico -- Calma, a hora dele também chegará. Ele, assim como todos os traidores e humanos desprezíveis irão se curvar perante nós.

Os olhos do garoto brilharam com uma luz de ódio na hora que ele disse aquelas palavras. Deborah também só sabia o básico do garoto.

Dave estava no MPE desde criança, tinha seguido os passos dos pais que eram do alto escalão do movimento. O garoto possuía tanta sede por sangue quanto ela, talvez até mais.

- Sim, ele ainda me tira do sério - ela confirmou deixando a raiva transparecer em seu tom de voz - Principalmente quando age de maneira tao hipocrita... Mas você esta certo, o que é dele esta guardado, bem como o do resto dessa ralé - acrescentou com um sorriso maldoso.

-- Bom, mas agora vamos nos apressar, o pessoal vai se encontrar para assistir o noticiário e ver como nossa ação repercutiu, além disso nosso líder também vai fazer um pronunciamento, aparentemente ele tem um plano para nosso grupo ganhar ainda mais força.

Falando isso Dave fez sinal para que a garota o seguisse rumo a multidão que também se deslocava do local.

Deborah avançou logo atrás de seu 'irmao'. A raiva aos poucos sendo ofuscada pela curiosidade, pela antecipaçao que precedia a uma batalha. Aos poucos a animaçao a preenchia, como uma criança no natal. Será que teriam ainda hoje a oportunidade de bater com ainda mais força na opressao? So a ideia a fazia querer da pulinhos de animaçao.

A multidão se encaminhou para o subsolo da sede onde líder do movimento já os aguardava em uma espécie de palaque localizado no meio do local. Assim que todos tinham se acomodado o silêncio tomou conta do local e então a voz de Dominador foi ouvida pelas centenas de jovens.

-- Meus irmãos, nosso ataque de hoje foi um sucesso, mais uma vez colocamos os humanos normais em seus devidos lugares. - projetores foram ligados e imagens de noticiários de todo o mundo mostrando o ataque tomaram conta das paredes do local fazendo a multidão vibrar.

-- no entanto, nossa batalha ainda é longa, e hoje veio convocar alguns de vocês para uma missão muito importante. - o silêncio voltou a tomar conta do local e o líder continuou - não é novidade que temos experimentos muito fortes no lado dos humanos, o que os deixa muito confiantes, no entanto, há um em especifico que está desaparecido, e que se encontrarmos ele....e o capturarmos, teremos o controle total de todos os governos e poderemos assim tomar nosso lugar de direito. Eu estou falando da famosa Z-17.

Uma foto da garota apareceu quando ela ainda não tinha desaparecido, ela aparecia junto de um grupo que sorria segurando o contrato de paz entre humanos e experimentos

Deborah observou o lider interessada em suas palavras... Era loucura, mas havia logica nessa loucura. Ela ja ouvira falar da experimento da Z-17, é claro. A experimento mais forte, a que alcançara maior porcentagem em suas habilidades... E ao mesmo tempo, uma das mais fracas. Fraca em sua alma e em sua mente... Outrora ela fora a origem de toda a revoluçao, a lider dos experimentos... Entretanto, findada a guerra, abandonou seu povo, os deixou a mercê dos humanos novamente. Uma traidora, tal qual seu odioso gêmeo.

Ela apenas ouvira falar das habilidades de Z-17. Era simplesmente loucura enfrenta-la se metade do que ouvira fosse verdade, contudo a antecipaçao a deixava eletrica, tinha que se conter para nao se erguer e se voluntariar para a missao. Provavelmente Dominador escolheria à dedo aqueles que embarcariam nisso. Deborah pensou nas consequencias em caso de sucesso... Se fossem capazes de trazer Z-17 para o seu lado... A guerra estaria ganha. Se nao, ela ainda seria uma refem e tanto. Uma grande perca para os inimigos.

Seu olhar se desviou do lider para seu 'irmao'. Tentou avaliar sua impressao daquilo tudo...

- Vai se candidatar? - questionou

Dave mantinha sua expressão e apenas levantou levemente o canto do lábio.

-- Você ainda tem dúvida? Você já pensou como será conhecer aquela que foi a grande líder da revolução? Vai ser bem difícil, claro, mas pense, nas possibilidades. -- disse voltando o olhar para o Dominador que agora explicava como a equipe para a missão seria escolhida.

-- Primeiramente vamos fazer uma seleção, experimentos com menos de 30% de modificação não poderão participar, precisamos de pessoas experientes e com grande poder já desenvolvido. Dito isso, peço que quem tiver interesse assine uma das listas espalhadas pela salas. Nós vamos organizar espécies de torneios entre vocÊs que testaram não só as habilidades de vocês mas o modo como elas combinam com as de seus companheiros. Ao final, 10 serão escolhidos para a missão e receberam um treinamento pesado para sair em busca da Z-17.

- Ela nos abandonou depois da guerra - relembrou Dave - Mas se pudermos convencê-la a retornar... - sorriu de leve pensando nas possibilidades.

Assim que Dominador mencionou a lista, ela imediatamente procurou uma delas para assinar seu nome.

- Tem uma caneta, Dave? - questionou ja ansiosa. Pela missao. Pelo treinamento. Por açao.

O garoto puxou uma do bolso e assim que Deborah assinou a lista fez o mesmo. A garota podia ver que o colega já trabalhava pensando em algum plano para conseguir ser escalado para a missão.

A experimento sabia que o potencial era grande, apesar do porte físico a habilidade de Dave era totalmente estratégia. O garoto conseguia captar e analisar dados de situações pensando em todas as possibilidades possíveis para chegar na mais eficaz. Isso em questão de milésimos de segundos.

Se havia alguém para se aliar e conseguir entrar na missão essa pessoa era Dave.

Deborah sabia que Dave seria um importante aliado nessa missão. De certa forma, eles se complementavam. A ruiva tinha consciência da própria inteligência, contudo sua habilidade era focada na parte física, enquanto com Dave ocorria o oposto.

- Eu guardo suas costas, você guarda as minhas? – questionou

A própria frase era uma referencia há varias missões anteriores. Onde ele ou ela propusera uma aliança através dessas palavras. E agora mais uma vez Deborah propunha essa união, afinal dentre seus irmãos de luta, Dave era de longe o que ela mais confiava.

-- Você ainda tem dúvida? - o garoto sorriu levemente e voltou a olhar para o palco. O Dominador não estava mais la e agora guardas da MPE começavam a passar distribuindo recolhendo as listas e avisando que eles começariam os testes imediatamente.

Todos questionavam como seriam os testes mas os guardas apenas diziam que seria revelado na hora.

Dave logo começou a usar seus poderes. Levou em conta o local que eles estavam e a falta de qualquer arma. Analisou o tamanho do palco e logo disse baixo apenas para Deborah ouvir.

-- Eles vão começar com lutas corpo a corpo. Aparentemente força física vai ser muito importante já que Z-17 com certeza vai apresentar alguma resistência. Vão ser precisos pelo menos uns 4 com força extrema para contê-la, se necessário.

- Nesse caso é bom que eu esteja tao interessada em participar - replicou ela com um sorriso satisfeito, seu dom consistia na força bruta e em uma pele invulneravel - Consegue se lembrar de outros irmaos com dons parecidos com o meu? - a pergunta embora em tom jocoso, e mesmo com uma pitada de arrogancia, era séria, ela de fato estava tentando se lembrar de quem seria sua possivel concorrencia.

- Suponho que tambem vá haver um teste que habilidades como as suas seriam necessárias - acrescentou em um tom de pergunta - Musculos nao sao nada sem um cerebro e vice versa.

-- Aqui na sede com potencial como o seu só conheço o mexicano ali. - Dave fez um sinal com a cabeça para um garoto que deveria ter quase dois metros de altura - Mezeses é nome dele, ele consegue modificar as células do corpo de modo que elas podem ficar tão resistentes quanto um bloco de concreto. -- Disse calmamente, os olhos do experimento brilhavam levemente em um tom de bronze quase imperceptível

-- Mas, ouvi boatos que há um cara em Las Vegas que pode ser bem útil, ele pode absorver qualquer poder temporariamente. Bom, quanto a mim sei que sou o melhor daqui no que faço -- disse presunçoso soltando um pequeno risinho enquanto se virava para Deborah -- No entanto, temos que lembrar que o MPE tem sedes nas principais capitais mundiais, essa competição vai ser no mínimo divertida.

Deborah assentiu observando o rapaz de longe, analizando-o, calculando se poderia vence-lo em um mano à mano. Nao que desejasse qualquer rivalidade com um irmão. Mas era uma competição. Uma que ela intentava vencer.

- Tem razão - disse em tom de conversa - Mas me sinto segura considerando meus dons... Até que ponto acha que eles estão dispostos a levar essa competição? - questionou, se referindo é claro à liderança, esses combates... Deborah nao temia, sequer considerava possível uma derrota... Mas nao se sentia confortável com a perspectiva de ferir seriamente um irmão... Ou pior ainda, mata-lo. Os humanos eram dispensáveis. Traidores mereciam à morte. Mas irmãos deviam permanecer unidos.

O mero pensamento trouxe um sabor amargo à boca quando a remeteu ao gêmeo. Sacudiu a cabeça de leve para espantar tais memorias, agora tinha uma nova familia.

-- Sinceramente não sei -- Dave disse observando em volta -- Dominador deixou bem claro que quer apenas os melhores, mas não se se me sentiria bem lutando ao lado de alguém que foi capaz de matar um irmão apenas por uma chance de ir nessa missão. No entanto também não sei até que ponto sou capaz de ir para embarcar nessa.

Viu a expressão de Deborah e pareceu adivinhar o que a garota estava pensando.

-- Mas e você? Com certeza vamos encontrar resistência do pessoal do comitê de paz, isso inclui seu irmão e pelo tom do Dominador, caso isso aconteça a ordem será apenas uma, extermínio..

O garoto olhava sério para Deborah esperando a reação da garota. Ele não tinha problema nenhum em deter qualquer um que entrasse no caminho da missão, mas sabia que para ela a situação era bem diferente, havia um irmão de sangue no meio.

Para qualquer outro que fizesse uma pergunta semelhante, ela teria dado uma resposta irônica, uma resposta fria, teria rido, e dito que os únicos irmãos que possuía eram aqueles do MPE, sua nova família. Mas a verdade, por mais que Deborah tentasse negar para si mesma, é que ela se importava. E Dave... Era seu irmão de certa forma, seu amigo. Não queria mentir pra ele.

- Talvez, se houver uma chance eu possa falar com ele... Talvez possa abrir seus olhos. Se ele cedesse, eu poderia convencer Dominador de sua utilidade, graças ao seu posto de cachorrinho do governo ele deve ter informações no mínimo interessantes. Nada me agradaria mais do que ter aquele idiota lutando ao nosso lado. – disse em uma voz baixa, como se segredasse, apenas um fiapo de esperança em seu tom de voz – Contudo se ele resistir... Se insistir em sua traição contra mim, contra nossa espécie, contra nossa família.... Que escolha eu terei? – sacudiu a cabeça não gostando de sequer pensar na possibilidade – Ele estará forçando a minha mão. A culpa não seria realmente minha. – acrescentou como quem tenta se convencer – Nosso laço de sangue me obriga a lhe dá a cortesia da morte, é melhor do que as salas de interrogatório...

Dave apenas ficou em silêncio por alguns instantes e então disse calmamente em seguida.

-- Bom, estarei guardando suas costas independentemente da escolha que você terá que fazer. Mas tenha certeza, se O Dominador está querendo fazer uma busca, o outro lado já deve estar pensando nisso também, se já não estiverem atrás da Z-17. Um encontro será inevitável mas seus irmãos estarão com você, tenha certeza disso.

Dizendo isso o garoto bateu de leve no ombro de Deborah e disse em seguida.

-- Vai pra casa agora, os testes pelo jeito só vão começar amanhã. Vou dar uma conferida nos arquivos do MPE pra ver nossos concorrentes. Se cuida -- dizendo isso o garoto se virou e andou em direção a uma sala que parecia uma central de informações do MPE.

Deborah dirigiu um fraco sorriso à Dave, imaginava se nao teria se preciptado em admitir com tanta honestidade o que faria... Confiava em Dave, mas todo o problema que cercava sua relação com Dimitriv... Era demais. Era esperado dela que odiasse o gêmeo, que quisesse vê-lo morto. E parte dela se sentia assim. Sentia ódio e desejava vingança por ter sido abandonada. Entretanto também havia uma parte que desejava o irmão de volta em sua vida. O que ela admitira pela primeira vez em muitos anos em voz alta.

Teria cometido um erro? Nao. Confiava em Dave. E sem falar que ele estava certo. Era muito provável que encontrasse Dimitriv novamente, se eles guardariam as costas um do outro, o amigo precisava saber o que se passava em sua mente. Deborah desejou saber o que se passava na mente dele quando ouviu sua confissão.

Deborah se despediu de Dave com um breve aceno.

- Mas depois vá pra casa também – acrescentou em um conselho sutil – Ambos precisaremos de nossas forças amanha.